domingo, 2 de outubro de 2011

Minha história.

Eu soube desde muito cedo que era homossexual.
Sempre estive ciente de como me sentia com relação aos homens e às mulheres. E como toda adolescente criada em família mais que tradicional, e cheia de tabus e preconceitos, eu achei que era doente.
Ficava claro na minha cabeça que havia algo errado comigo.
E eu rezava! Como rezava. Como pedia perdão pelos meus desejos, como me sentia culpada por olhar uma mulher na rua.
Mesmo assim, conheci uma que mexeu comigo, e com toda aquela convicção de erros e culpas. E me apaixonei.
Claro que não durou, eu era muito jovem, muito inexperiente e muito cheia de culpas.
Terminou o namoro e decidi me "reabilitar" namorando meninos. Pobres rapazes que viraram fantoches pra mim. Não me interessavam de verdade, e por alguma razão além da minha compreenssão, eu os interessava terrivelmente.
Me lembro de um em especial, que chorava na minha sala todas as tardes.
Depois me mudei de bairro, e conheci outra das mulheres que me fizeram superar a culpa, e começamos a namorar.
Ela era um sonho bom, mais velha, mãe, independente.
Mas como a culpa me corroía, eu resolvi entrar na igreja do bairro.
E foi lá que conheci o pai dos meus filhos. Hoje as pessoas me perguntam por que me casei com ele se não gostava de homens.

Aliás, aqui faço um adendo!
Eu adoro homens!!
Não tenho nada contra eles, são ótimos parceiros de truco e grandes amigos. Só não me relaciono afetivamente com eles.Adendo feito, continuo a história.

Respondendo aos meus questionadores: Eu me apaixonei! Amei com toda a força do meu espírito. Deixei .minha namorada encantadora. Me senti curada e comecei um namoro com ele. Namoramos 1 ano e terminamos, achei que ia morrer.
Voltamos a ficar e eu engravidei pela primeira vez.
O desespero foi total. Não havia apoio, estrutura, confiança nada pra segurar meu pavor. Abortei.

E como fere muito falar desse assunto, vou deixar para outro instante mais cabivel...

Aborto significa hemorragia, internação de emergência, curetagem e medo!
Quando sai do hospital, decidi sair de casa e voltamos a namorar.
O resultado foi, um casamento precoce, 3 filhos, 10 anos e a descoberta de que aquilo tudo tinha sido produto do meu medo de ser eu mesmo, entre outras falhas.
Se eu disser que não deu certo, serei injusta. Deu certo sim, por muito tempo. Mas não éramos nós. nem um, nem o outro. E o fim foi inevitável. Ainda bem!
Com esse fim ficou preservada a saúde psicológica dos meus filhos, minha estabilidade emocional, as certezas dele, e 5 vidas!
Desde então, liguei o 'foda-se' para o mundo. "Eu gosto é de mulher!!" já dizia o saudoso Roger do 'Ultraje a rigor'.
Claro que não foi tudo tão simples assim para o resto do mundo, mas foi simples assim para meus filhos, que eram a grande preocupação nisso tudo!

Essa é minha história. E de onde veio essa, tem muitas outras...

Um beijo carinhoso.

o inicio

É sempre assim, de um jeito meio estranho que as coisas vão acontecendo.

Há tempos eu queria começar esse blog, queria dividir um pouco da minha historia com tantas outras historias iguais ou não.

Como diz a boa musica "cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é".
Então venho aqui dividir a dor e a delicia de ser mulher, mãe e gay!

Tenho filhos, meninos, dois adolescentes e um pré-adolescente. Companheiros, parceiros, amigos e filhos.
E convivem com o fato da mãe ser homossexual desde muito pequenos.
Para melhor protege-los do preconceito e tudo o que cerca a minha condição, nomes não serão ditos.

De qualquer forma, minha intenção é dividir minha historia, aprender e ensinar um bocado, sei que histórias como a minha, tem um monte por ai, mas também sei que, embora parecida, cada historia é única!


Sejam muito bem-vindos a esse espaço!!